segunda-feira, 27 de junho de 2011

CONTOS DO ANTENEIRO

A FÁBULA DO ANTENEIRO


No éter, a matemática que conversava com suas amigas, a lógica e a computação disse:
-Conviver com vocês é como a água conviver com o sal ou o açúcar. Sempre que estamos juntas nos transformamos em algo diferente, mas não consigo nos enxergar em conjunto, parece que quando isso acontece somos apenas arquétipos.
A lógica com bom senso pondera.
-Como esta premissa é verdadeira, quer dizer que o teu argumento é válido, e é fato que às vezes nos fundirmos em uma só. Estamos conversando, logo quando vier o silêncio estaremos isoladas de novo. Compreendo a nossa unidade, também me escapa qual arquétipo que formamos juntas.
A computação cheia se algoritmos sutis e que só precisava de uma entrada no problema para procurar a solução, se logou assim:
-Preciso formalizar a opinião de vocês para representar a decisão da minha opinião. É de fundamental importância que as amigas me falem de forma mais técnica ou que abordem este problema com uma modelagem, uma codificação ou mesmo com um sistema físico que funcione. Nos meus infinitos bancos de dados não existe espaço para arquétipos. Também eu gostaria de saber o que somos quando estamos formando uma unidade só.
A matemática com a graça de uma demonstração suspirou fundo e com palavras que pareciam um lamento falou alto como se fosse para si mesmo.
-Como conseguir um modelo representativo de nós três? Tentei a simulação usando transformadas e não deu. Tentei singularidades usando os limites e não deu. Tentei diferenciar os pontos que nos tangenciam e não consegui. Quando nos integramos somos uma grande área. Área de uma dimensão não existe, áreas de duas são banais e em três dimensões são impossíveis. Por isso não encontrei nelas a resposta.
Novamente no éter as três maravilhas se sublimaram e como as nuvens ficaram com a aparência de algo difuso. Eis que de repente, no meio do éter a lógica falou:
-Sou um sistema lógico, um conjunto de axiomas e regras de inferência que visam representar formalmente o raciocínio válido, por isso digo que precisamos visitar um modelo que funcione, precisamos sair do eter e ir para o espaço físico.
Tres vibraçoes de dúvida irradiaran-se hominidirecionalmente no éter. A matemática que primava pela exatidão falou:
-Estas falando de ir na morada da luz ?
-Sim.
Mas lá nada é definitivo! A luz e a materia estão sempre fazendo trocas de intimidades. Tu bem sabes que a luz e a matéria disputam a natureza das coisas. Lá não tem lugar para mais nada. Como vamos sobreviver naquele reino?
-Eu faço isso a todo instante disse a computação com parcimonia, estou acostumada com este princípio de incerteza. A idéia da amiga tem uma probabilidade tão alta de estar certa que eu diria que é correta.
A logica, sentindo-se ameaçada na ascerção da sua própria idéia, com gestos languidos questionou:
-Mas como faremos isso?
Com um trejeito de perfeição a matemática que gostara da idéia da amiga, com voz meiga de quem nunca se corrige falou assim:
-Ora, eu sei como fazer isso, basta que durante um intervalo infenitesimal do tempo para a luz e a materia, fiquemos lá, entre elas por um dia inteiro nosso.
Foi a vez da computação falar:
-E qual vai ser a nossa naturena neste lugar?
As outras duas responderam em coro:
-Pois quem decida isso, que seja a própria natureza. A lógica que era quem mais procurava a verdade para não errar ainda completou:
-A natureza é muito prescritiva.
Assim, houve um dia que durante um infinitésimo de tempo o sól não brilhou, por um infinitésimo de tempo a terra não girou por um infinitésimo de tempo. O tempo não passou por um infinitésimo de tempo. Por um infinitésimo o tempo se separou do espaço. Foi um capricho de quem era responsável por tudo.
Então, durante um dia inteiro para elas que não passara de um intervalo infinitesimal do tempo, aqui na terra, a computação foi os continentes, a lógica que era muito maior foi o mar e a matemática onde as duas outras cabiam dentro foi o planeta. O resto era só filosofia. Elas haviam se transformado em algo capaz de responder ao grande enígma do “por quê”. Elas haviam transformado o planeta Terra em uma grande antena que do mais fundo do universo, tudo captava, tudo recebia, tudo equacionava. Elas sabiam agora que unidas não eram mais um arquétipo, eram a melhor antena de todas as galaxias e nesta forma encontravam todas as resposta posíveis. Nunca mais se sentiram um arquétipo quando estavam unidas.


FIM

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